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domingo, 5 de julho de 2009

O poeta Chico Buarque


Francisco Buarque de Hollanda, o qual fez 65 anos no mês passado, lançou esse ano, na minha opinião, sua maior obra literária. Leite Derramado retrata o vai-e-vem de uma mente que está se esvaindo pela velhice e pela doença. O cenário é um leito de hospital, mas na verdade é a história do Brasil nos últimos dois séculos, em meio a lembranças cheias de detalhes, que vão da infância do velho Eulálio até a enfermeira do hospital, com quem o velho pretende casar quando receber alta. Ele planeja, após o casamento, morar com ela no Casarão da família e, se ela quiser continuar exercendo a profissão, poderia ir trabalhar a pé, pois tem muitos hospitais na cidade, inclusive o centro médico que construíram no terreno onde ficava o Casarão, “e com isso, acabo de me lembrar que o Casarão não existe mais”.

As memórias do personagem por vezes são expostas de uma forma tão nua que surpreende, o que torna o livro extremamente franco, sem pudores ou ilusões. Se desenvolve em um monólogo, o que não o torna nada solitário, pelo contrário, a rapidez com que Eulálio “viaja” faz com que nossa mente de leitor projete uma “casa cheia”, com pessoas e lugares, se envolvendo e misturando os devaneios de Eulálio com nossos próprios esquecimentos, saudades e fases da vida, com a vantagem de ainda termos muito tempo pela frente.

Além do escritor, para o qual me rendi faz pouco tempo, não posso deixar de referir a música de Chico Buarque, que uniu as palavras e a melodia e transformou-as em uma forma esperança, em fases difíceis do nosso país. Agora estamos igualmente em um momento difícil, mas cheguei à conclusão que não se fazem poetas como antigamente (salve o melão, a melancia e o diabo a quatro).

Afora “Apesar de Você”, “Cálice”, “Bye, Bye, Brasil” e tantas outras que falam o que estava trancado na garganta, existem outras, de um sentimento e emoção tão intensos que só Chico sabe expressar. Uma vez ouvi que Chico Buarque era o único músico brasileiro que desvenda em suas músicas a “alma feminina”, até a chegada de Marcelo Camelo. Pois ao ouvir “Atrás da porta” (vejam com Elis no youtube : http://www.youtube.com/watch?v=fj1yQOj2OPw) e as que lhes apresento agora (Todo sentimento), tenho minhas dúvidas sobre Marcelo Camelo.

Segue a letra e a musica, interpretada por ninguém mais, ninguém menos que Maria Bethânia. Enjoy!!






Todo o Sentimento

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque e C. Bastos

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente.
Preciso conduzir
Um tempo de te amar,
Te amando devagar e urgentemente.

Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez,
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez.

Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente...
Prefiro, então, partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente.

Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

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