Um incêndio de dezenas de quilômetros quadrados consumiu boa parte da terra indígena Utiariti, em Mato Grosso, e quase ninguém viu. Desde o início de julho, o sistema de monitoramento de queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) já identificou 303 focos de queimada na mata, mas equipes de combate ao fogo não foram acionadas para combatê-los.
Segundo Elmo Monteiro, chefe do Prevfogo – órgão federal que coordena o combate a incêndios florestais –, os brigadistas ligados ao Ibama só podem agir quando acionados por meio da Funai, já que não podem entrar em terras indígenas sem autorização.
O major bombeiro Agnaldo Pereira, superintendente da Defesa Civil em Mato Grosso, informa que há pessoal e equipamento disponível para agir contra o fogo, mas faz a mesma ressalva de Monteiro. "Terra indígena é de responsabilidade do governo federal. Há uma série de restrições para entrar lá", diz.
Enquanto decidem qual orgão tem o direito de dar a autorização para apagar o incêndio, parte do Brasil está virando cinzas. Aliás, grande parte, pois a área atingida é do tamanho de Brasília.
E viva a burocracia brasileira!
À direita, foto de satélite tirada em 1º de agosto mostra região queimada na reserva de Utiariti. À esquerda, para comparação, fotos na mesma escala de tamanho mostram a cidade de Brasília, a Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco, e a Ilha de São Sebastião (Ilhabela), em São Paulo. (Foto: Montagem com imagens divulgadas pelo Inpe)